Bruno Tolentino - Último soneto de "A Imitação do Amanhecer" HD

17.10.2013
Dedicado a Tiago Lemos Ribeiro Bruno Lúcio de Carvalho Tolentino (Rio de Janeiro, 12 de novembro de 1940 — São Paulo, 27 de junho de 2007) foi um poeta brasileiro. Nascido em 1940, numa tradicional família carioca, conviveu desde criança com intelectuais e escritores próximos à família, entre eles Cecília Meireles (a quem sempre se referiu carinhosamente como Tia Cecília), Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto. Primo do crítico literário brasileiro Antonio Candido e da crítica teatral Bárbara Heliodora, seu trisavô, Antônio Nicolau Tolentino, foi conselheiro do Império e fundador da Caixa Econômica Federal. À moda já antiga das preceptoras, foi instruído em inglês e francês ao mesmo tempo de sua alfabetização no português. Publicou em 1963 seu primeiro livro, Anulação e outros reparos, trazendo, entre outros, a famosa litania "Ao Divino Assassino", poema longo em Terza Rima em que o poeta se volta contra Deus e o "Seu Anjo terrível" à época da morte de sua ex-namorada Anecy Rocha, irmã caçula do cineasta Glauber Rocha. Com o advento do golpe militar de 1964, mudou-se para a Europa a convite do poeta Giuseppe Ungaretti, onde viveu trinta anos tendo residido na Inglaterra, Bélgica, Itália e França. Lecionou nas universidades de Oxford, Essex e Bristol e trabalhou como tradutor-intérprete junto à Comunidade Econômica Européia. Publicou em 1971, em língua francesa, o livro Le vrai le vain e, em 1979, em língua inglesa, About the Hunt, ambos bem recebidos pela crítica literária européia. Sucedeu o poeta e amigo W. H. Auden na direção da revista literária Oxford Poetry Now. III-165 Ó Via Láctea, ó luminosa irmã — segundo Apollinaire — dos fios brancos da água vã, a água furtiva que visita o chão do mundo e vai-se evaporando também, ó minha irmã mais ancestral, mais nebulosa, ó vaga lã dos vãos novelos em que eu ando, um moribundo no intemporal, sinal apenas de que o fundo de tudo e de mim mesmo é a solidão pagã da alma febril que se evapora e historiciza, ó ampliação de Alexandria, ó via branca e tenebrosa, é tudo a rosa que se arranca, pétala a pétala, às profanações da cinza, ó Via Láctea, ó minha irmã que pões a tranca da imensidão no coração do que agoniza...

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