CHICOmelodia (28) em "TRAVESSIA" (letra e vídeo), vídeo MOACIR SILVEIRA
“Eu não quero mais a morte, tenho muito que viver” ... “Solto a voz nas estradas, já não posso parar”... são versos famosos da canção “Travessia” dos compositores Milton Nascimento e Fernando Brant. Foi com essa música que Milton Nascimento, em 1967, conquistou o reconhecimento nacional, ao ficar em 2º. lugar no Festival Internacional da Canção. É hoje considerada uma das músicas mais românticas criadas por compositores brasileiros. Ela nos fala de amor, sofrimento, morte, vida, angústia, sonho e tentativa de superação, sem deixar de usar alguns versos que criticassem a ditadura militar da época. A canção traz um homem que sofre por sua separação e chega até a pesar na morte. Entretanto, ele é consciente, sabe que pode amar de novo e tem muito a viver ainda. A separação foi dura, mas isso não quer dizer que tudo acabou. A crítica à ditadura acontece nos versos “minha casa não é minha e nem é meu esse lugar”. A impressão que se tem, ouvindo a música em seu contexto, é a de que o homem não consegue viver sem sua amada, nem na sua casa, mas, se levarmos em conta que na ditadura a liberdade era praticamente nula, os versos trazem um duplo sentido. Travessia tem uma importância na história da música brasileira. Trouxe um grande intérprete e compositor, o romantismo de volta e a prova de que, mesmo nas separações mais difíceis, a superação pode e deve acontecer. E para relembrar este grande sucesso eu escolhi a tocante interpretação instrumental de CHICOmelodia, nome artístico de Francisco de Assis Silveira, meu pai, que hoje, aos 87 anos de idade, continua tocando e encantando pelos bailes da vida. TRAVESSIA De: Milton Nascimento e Fernando Brant Quando você foi embora fez-se noite em meu viver Forte eu sou mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar Minha casa não é minha, e nem é meu este lugar Estou só e não resisto, muito tenho prá falar Solto a voz nas estradas, já não quero parar Meu caminho é de pedras, como posso sonhar Sonho feito de brisa, vento vem terminar Vou fechar o meu canto, vou querer me matar Vou seguindo pela vida me esquecendo de você Eu não quero mais a morte, tenho muito que viver Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver Solto a voz nas estradas, já não quero parar Meu caminho é de pedras, como posso sonhar Sonho feito de brisa, vento vem terminar Vou fechar o meu canto, vou querer me matar